Dr. José Luís Arroio Teixeira - 931 148 150
A osteopatia surgiu no último quartel do século XIX e início do século XX, nos Estados Unidos da América, com Andrew Taylor Still (doravante referido, neste trabalho, por Still).
Seu pai, Abram Still, exerceu decisiva influência sobre Still. Médico e fazendeiro, também era pregador metodista itinerante e, para além dos sermões que fazia, também assistia pessoas doentes. Quanto aos filhos, educou-os para torná-los médicos. (A.O.A., 2006).
Praticava medicina com seu pai desde 1849, aprendendo com ele (como a maioria dos médicos americanos que aprendiam com outros médicos mais experientes). A duração média deste processo de formação era de aproximadamente dois anos. Durante esse período, o médico estudante preparava medicamentos, observava os pacientes e aprendia a terapia. Esta prática acompanhada era completada pelo estudo de livros de medicina. O médico estudante deveria desenvolver também as capacidades de observação, de recolha da história natural, e especialmente, do conhecimento do meio familiar do paciente, e do clima local. Em suma, tratava-se de uma educação informal, comum no século XIX. (Trowbridge, 1991, p. 53).
A experiência em cirurgia que Still foi adquirindo permitiu-lhe observar e analisar aspetos fundamentais da anatomia e fisiologia dos ossos e suas interligações; nomeadamente, com o sistema vascular e o modo como ele percorre o corpo humano. Nesta perspetiva, o corpo humano é considerado uma máquina, um sistema mecânico, sujeito a leis físicas, sendo relevante considerar as tensões devidas à sobrecarga mecânica (Trowbridge, 1991).
Considerando que as alterações físicas ocorrem por incidência de forças mecânicas, “respiração, circulação, absorção, secreção; as contrações musculares envolvem alteração química, mudança de temperatura e outras, essas modificações estruturais e fisiológicas, vão provocar libertação desnecessária de energia no organismo.” (Trowbridge, 1991, p.134)
Esta concetualização sobre o corpo humano inspira-se também na "medicina fisiológica", proposta pelo, médico francês Victor Broussais. Assim, Still observou aderências, restrições de movimento e congestão dos órgãos doentes, de acordo com o médico francês Victor Broussais.
A vida era devida a estímulos externos ou internos; por isso, quando os órgãos são estimulados ou se verificam abusos por qualquer comida, drogas, meio ambiente, incluindo o psicológico, ocorre a doença. Através da autópsia, as subconsequentes irregularidades funcionais que resultam das lesões anatómicas. (Trowbridge, 1991, pp.134:135).
Still procurou um meio não cirúrgico de quebrar essas adesões, restaurando o movimento e, finalmente, aliviando esse congestionamento. Com muitos anos de prática, ele acabou por desenvolver um meio de libertar os tecidos, melhorar a mobilidade, restaurando no corpo a sua normal fisiologia, usando apenas as mãos, doravante, “Still cria uma concepção mecanicista do ser humano que se baseia na ideia de que o estado patológico decorre de alterações na estrutura anatómica, capazes de afetar o funcionamento do organismo.” (Correia, 2005, p. 57)
Still procurou reformar as práticas médicas existentes no século XIX, criou a designação Osteopatia através da combinação de duas palavras de origem grega, osteon, que significa osso e pathos, que significa sofrimento, com a finalidade de traduzir a sua conceção de que a doença e a disfunção fisiológica tinham como base etiológica, disfunções músculo-esqueléticas. Assim, através do diagnóstico e tratamento do sistema músculo-esquelético, ele acreditava que os médicos poderiam tratar grande diversidade de doenças e poupar os pacientes aos efeitos secundários negativos dos medicamentos.
A partir da obra, Fundamentos de medicina osteopática, editado pela American Osteopathic Association (2006, p. 10), podemos destacar alguns aspectos que configuram a filosofia e práticas osteopáticas:
A Osteopática consiste em conhecimentos precisos que permitem relacionar estrutura e função do mecanismo humano, anatómico, fisiológico, incluindo a
química e física dos seus elementos. As leis da natureza do próprio organismo, acionam recursos terapêuticos que potenciam a homeostase, de acordo com seus próprios princípios e seus métodos de intervenção. Assim, são recuperadas as actividades moleculares e processos metabólicos alterados, deslocamentos, desordens, disfunções da doença, sendo assim restabelecido o equilíbrio normal de uma situação de saúde e força vital (A.O.A., 2006, p. 10).
Após uma década de estudo, em 1874 Still "flamejante filho de bandeira osteopatia"(A.O.A., 2006, p. 22 ). Ele não disse exatamente o que isso significava, talvez uma decisão, talvez um súbito lampejo de pensamento criativo, mas foi seguido por tentativas de apresentar as suas conclusões na Universidade Baker, uma instituição que sua família havia ajudado a fundar. Ele não conseguia encontrar o público. Para piorar a situação, ele foi expulso da argumentação da Igreja Metodista com que somente Cristo foi permitido para curar pela imposição das mãos. A inscrição para que a experiência ainda deixa claro que sua "imposição das mãos"(A.O.A., 2006, p. 22 ) foi uma manipulação terapêutica.
O diagnóstico estrutural e tratamento manipulativo osteopático, são componentes essenciais da osteopatia; o tratamento foi desenvolvido como um meio de facilitar os mecanismos normais de corpo de auto-regulação e auto-cura, atuando nas áreas de tecido em tensão, estresse ou disfunção que possam impedir o bom funcionamento dos mecanismos neurais, vasculares e bioquímicos.
A osteopatia não se limita ao diagnóstico e tratamento de problemas músculo-esqueléticos, nem enfatiza o alinhamento articular e evidências radiográficas de relacionamentos estruturais. Dá enfase à biomecânica e ao modo como os sistemas músculo-esqueléticos são integrados, numa visão holística.
A aplicação terapêutica é concretizada através de técnicas de manipulação. Embora as técnicas manuais sejam usadas por outras profissões de terapia manipulativa, o modo original como as técnicas manipulativas osteopáticas são integrados no tratamento do paciente e são destintas na duração, frequência e escolha da técnica, existindo vários tipos de técnicas manipulativas osteopáticas.
A O.M.S - Organização Mundial de Saúde (World Health Organization) desenvolveu para a osteopatia abordagens para a manutenção da saúde e tratamento da doença, destacando os princípios explicitados no documento, Benchmarks for training in traditional/ complementary and alternative medicine: benchmarks for training in osteopathy (W.H.O., 2010):
Neste contexto, os praticantes de osteopatia incorporam a actual medicina e o conhecimento científico, para o atendimento do paciente, aplicando os princípios osteopáticos acima descritos; destaca-se a competência de reconhecer os sinais e sintomas clínicos dos diferentes pacientes, como consequências da interacção de muitos factores físicos e não-físicos e da inter-relação dinâmica desses factores; enfatiza-se a importância da relação médico-paciente no processo terapêutico, i. e., os cuidados de saúde centram-se no paciente, em vez de se centrarem na doença.
O diagnóstico estrutural e tratamento manipulativo osteopático, são componentes essenciais da osteopatia; o tratamento foi desenvolvido como um meio de facilitar os mecanismos normais de corpo de auto-regulação e auto-cura, atuando nas áreas de tecido em tensão, estresse ou disfunção que possam impedir o bom funcionamento dos mecanismos neurais, vasculares e bioquímicos.
A aplicação prática desta abordagem baseia-se em cinco modelos: biomecânico, respiratório/circulatório, neurológico, biopsicossocial, bioenergético, (Anexo A), assentando na relação estrutura-função; os modelos complementam-se para reunir informação, com a finalidade de estruturar um diagnóstico e interpretar o estado geral do paciente, perante a recolha desses resultados neuro-músculo-esqueléticos.
A osteopatia não se limita ao diagnóstico e tratamento de problemas músculo-esqueléticos, nem enfatiza o alinhamento articular e evidências radiográficas de relacionamentos estruturais. Dá enfase à biomecânica e ao modo como os sistemas músculo-esqueléticos são integrados, numa visão holística.
A aplicação terapêutica é concretizada através de técnicas de manipulação. Embora as técnicas manuais sejam usadas por outras profissões de terapia manipulativa, o modo original como as técnicas manipulativas osteopáticas são integrados no tratamento do paciente e são destintas na duração, frequência e escolha da técnica, existindo vários tipos de técnicas manipulativas osteopáticas.
Still procurou aceitabilidade mudando-se para Kirksville, onde a sua atividade clínica começou a sucesso o seu consultório começou a ter maís pacientes do que ele poderia suportar. Treinou então os filhos e outras pessoas que mostraram interesse em aprender para, maís tarde, o poderem coadjuvar, na sua atividade. Como surgiram bastantes candidatos à aprendizagem dos seus métodos, foi incentivado a fundar uma escola, denominada como Escola Americana de Osteopatia (A.S.O.) fundada em Kirksville, em 1892.
A primeira turma concluiu a formação em 1894. O curso teve a duração de dois anos, cada um com dois períodos letivos de cinco meses. Além do estudo da anatomia, os alunos trabalharam na clínica sob a supervisão de profissionais experientes, Still apenas no começo, depois alguns graduados. (A.O.A., 2006, p.23)
A escola tornou-se num enorme sucesso e, após os dois anos do primeiro curso, foi mudada para um prédio maís recente. Em 1895, abriu com maís espaço e condições para o estágio em clinica. Em 1897, foi necessário adicionar maís salas, triplicando o tamanho do edifício original. (ATSU, 2012)
Mais de 30.000 tratamentos osteopáticos foram administrados em 1895. Estima-se que, havia mais de 400 pessoas que tinham vindo a Kirksville para serem tratadas. A estrada ferroviária de Wabash aumentou para maís quatro o número de comboios de passageiro diários a Kirksville.(ATSU, 2012)
Em 1914, Still, com 89 anos, ainda permaneceu ativo na Escola Americana de Osteopatia (A.S.O.). Após o seu falecimento, em 1917, vários foram os seguidores que deram continuidade à filosofia de Still, como, J. Martin Littlejohn, Irvin Korr, Burns, Cole, e Denslow. “Um exemplo de evolução foi o seu deslocamento da tónica inicial e praticamente exclusiva na anatomia […] para a integração de conceitos neurofisiológicos e neuroendócrinos” (A.O.A., 2006, p. 9).
Foi com Littlejohn, um dos alunos de Still, que a osteopatia conheceu uma outra visão. LittleJohn confrontou Still com uma visão oposta, defendendo que, numa teoria mecânica para a origem das doenças, a função é que rege a estrutura, e não o contrário, como foi sempre fundamentado e ensinado, por Still. Foi esta divergência, a razão por que Littlejohn se afastou de Still, propondo uma abordagem maís fisiológica da osteopatia, baseada em técnicas indirectas, ao contrário da abordagem estrutural, que utiliza técnicas diretas.
Um outro aluno de Still, William Garner Sutherland, nascido nos Estados Unidos da América, graduou-se em Doctor of Osteopathy pela American School of Osteopathy, em Kirksville, em 1900, constatou a mobilidade dos ossos do crânio à nascença e ao longo da vida do ser humano, tendo publicado um artigo sobre a Osteopatia Craniana em 1930 e em 1939 “The Cranial Bowl”. (Sousa, 2010b)
Foi o primeiro osteopata a descrever, um movimento de forma rítmica, dos ossos do crânio. Mais tarde, registou este movimento em todos os tecidos do corpo e verificou que este movimento causa mudança nos tecidos disfuncionais, tendo-o denominado respiração primária do corpo.
Esta abordagem craniana no seio da filosofia Osteopática, conduziu, maís tarde, à fundação da Sutherland Cranial Teaching Foundation, Inc, por Sutherland, dedicada ao ensino da Osteopatia Craniana.
Outros graduados da A.S.O (em Kirksville), começaram a fundar novas escolas em todo o país, como também, começaram a criar outras teorias que contrariavam as originais.